Após mais de 70 anos, escola para cadetes do Exército abre primeiro concurso para mulheres
A seleção, porém, reserva menos que 10% das vagas ao sexo feminino e oferece menos áreas de atuação em relação aos homens
Apesar de já admitir desde 1992 a presença de mulheres em outras carreiras que não sejam da linha militar bélica, o Exército brasileiro está com as inscrições abertas para o primeiro concurso que aceitará representantes do sexo feminino para formação de cadetes. Desde a criação do ensino preparatório do Exército há 77 anos, essa é a primeira vez que mulheres poderão se tornar oficiais combatentes. Apesar da inovação, a participação feminina na carreira começou limitada. Das 440 vagas abertas na seleção, apenas 40 são reservadas às mulheres, ou seja, menos de 10% do total de oportunidades oferecido. E as áreas para atuação no curso de formação se restringem a apenas duas, enquanto os homens podem optar entre sete especialidades.
Segundo a assessoria do Exército, a inserção feminina na carreira só aconteceu agora por determinação da Lei 12.705, de 2012, que deu prazo de até cinco anos para que fosse permitido o acesso de mulheres. Sobre o quantitativo de vagas limitado do novo edital, o Exército respondeu que se deve “em razão da política de pessoal e da atuação, inicialmente, na área logística, considerados o percentual de vagas destinada para esta atividade e preservada a operacionalidade da Força Terrestre”.
Ainda de acordo com o Exército, mesmo atuando inicialmente na logística, o perfil esperado da profissional combatente, ao longo da carreira, é diferente de outras áreas. Dentre os principais aspectos, a oficial e a sargento combatentes travarão contato de modo direto, nos primeiros postos e graduações da carreira, com as atividades em campanha e conviverá permanentemente com os riscos inerentes à profissão militar. A mobilidade geográfica, a disponibilidade e a preocupação com o vigor físico, em parâmetros semelhantes aos candidatos homens, também estarão presentes. “As tarefas inerentes ao cargo ou função que desempenharão serão realizadas sem distinção de sexo e sua presença tende a ser cada vez maior”, informou o órgão.
Para receber as novas aspirantes a cadete, a escola de preparação, localizada em Campinas/SP, passou por adaptações. Como estudos sobre os padrões de desempenho de mulheres, que incluíam aptidão física; estudos para adoção de novos uniformes e sua implantação na cadeia logística; e adaptações nas instalações de vestiários para instrutoras e alunas, alojamentos, banheiros e instalações de saúde.
Mas, mesmo conseguindo ser aprovada no concurso atual, ainda vai demorar para que a primeira mulher se torne de fato uma oficial combatente. Isso porque a formação começa na condição de aluna, que dura um ano, a partir de 2017. Se aprovada, ela tem ingresso assegurado na Academia Militar das Agulhas Negras, na condição de cadete, continuando o aprendizado por mais quatro anos. Durante sua formação, a jovem recebe alojamento, alimentação e fardamento por conta do Exército, além dos proventos previstos em lei. Participa, também, de operações militares, mas apenas da área de especialização que escolher seguir. Elas terão direito a apenas duas opções: quadro de material bélico ou serviço de intendência, diferentemente do cadete homem, que, além dessas duas opções, ainda pode optar por infantaria, cavalaria, artilharia, engenharia e comunicações. A formação como oficial combatente deverá ser completada somente no ano de 2.021.
O concurso
Para concorrer é preciso ter nível médio completo, idade entre 17 e 22 anos e ter altura mínima de 1,55m (mulheres) e 1,60m (homens). As inscrições podem ser feitas até 28 de junho, pelo site www.espcex.ensino.eb.br. A taxa custa R$ 90. O concurso vai aplicar exame intelectual nos dias 10 e 11 de setembro (com questões de português, redação, física, química, matemática, geografia história e inglês) comprovação de requisitos biográficos, inspeção de saúde e exame de aptidão física. A matrícula no curso de formação está prevista para 18 de fevereiro de 2017.
Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br